É expressivo ser mais que esses clubes. Mostra a força econômica do Corinthians. Há de ser levado em conta também, no entanto, que a maior parte da renda desses times, o que faz eles terem poder econômico, são os direitos de TV

O Corinthians atualmente é como aquelas 'joias' do transporte público coletivo. Um ônibus com os pneus descalibrados, ar-condicionado quebrado e lataria carcomida, dirigido por um motorista (leia-se presidente) que não faz muita ideia do que fazer com isso. Simples assim.

Seria muito simplista dizer que a atual situação do time é culpa total, ou mesmo em parte, do atual técnico que comanda a equipe. Porém, também não ajuda contratar um profissional cujo último momento de brilhantismo no futebol remonta há mais de uma década. Acredito que nem o mais otimista dos corintianos viu com bons olhos esta contratação.

Passados cinco jogos, o time segue com os mesmos problemas. A defesa ainda não defende, o meio ainda não cria e o ataque segue levantando as mãos para o céu e esperando um momento de iluminação de algum de seus atacantes (geralmente o Roger Guedes). Pior, sem nenhuma evolução nesse período, segue tomando os mesmos gols bobos para passar o resto da partida correndo atrás do resultado, com sorte, empatando a partida. Vencer? Já parece não ser mais a política da empresa.

Com isso, vemos que com raríssimas exceções essa parece a política de RH da empresa. Ou o técnico é estagiário, ou está em baixa no futebol. Já houve até a contratação de um estagiário que estava em baixa no futebol. Aplausos aos envolvidos.

Dito isso tudo, caso alguém tenha chegado até aqui, recentemente desligou-se do Al-Hilal o técnico Ramon Diaz, algoz dos mulambos no mundial. Ele voltou a Argentina para resolver pendências pessoais. Dito isso, São Paulo fica mais perto da Argentina que Riad, logo, seria mais fácil convencer ele, um técnico com experiência a treinar o clube. Resolve a vida do time? Altera a qualidade duvidosa de muitos dos jogadores do elenco corintiano? Ajuda a consertar os rumos do Duílio, que aparentemente desaprendeu de ser presidente? Não pra todas as anteriores. Mas voltando a metáfora do ônibus, se pelo menos calibrarem seus pneus ele vai rodar um pouco melhor, de preferência, pra longe da zona de rebaixamento.

Mas não dá pra comparar um clube que se apequenou como o Botafogo, com uma instituição como o Corinthians.

Corinthians não é Botafogo, se pra eles esse desrespeito com a instituição é estar no lucro, para o Corinthians é jogar toda a grandeza do clube na lixeira. Virar clube formador pra suprir algum time da Premier League...

Se sou dono, por exemplo, do Corinthians e do Manchester United, um arrecada 766,2 milhões de reais, outro 3 bilhões de reais por ano. Tem um destaque jovem no futebol brasileiro, vou comprar ele para o time no Brasil, ou para o time da Europa onde vou triplicar o valor de mercado e ganhar mais dinheiro? No máximo emprestar pra cá um ano e depois ir para o outro time da sua holding. As únicas formas de ter um SAF viável aqui, sem diminuir a importância do clube é: 1) Cláusula que impede o proprietário e qualquer sócio de ter propriedade em outro clube; ou 2) vender no máximo 49% do clube, como ocorre na Bundesliga.

Como disse em um comentário aqui, para clubes pequenos fazem sentido. Mas é inegável que o que se mostrou até aqui, é uma tendência do comportamento de mercado a ser adotado por grande parte dos potenciais investidores em SAFs do país. O que com certeza, não combina com o Corinthians, que é o clube do povo, não de um velho rico querendo fazer uma graninha.

E o que impede de comprar a SAF aqui, e depois comprar um clube europeu, como ocorreu exatamente no exemplo citado? Corinthians tem capacidade de gerar receitas sozinho sem ter de virar SAF, no máximo, vendendo percentual minoritário do clube, como o modelo da Bundesliga.

Mas isso pode ser mudado em eleições, ainda mais se confirmarem o aumento no número de votantes. E os clubes mundo afora que tiveram gestões pífias, como os irmãos Glazers, o Bolton, o Milan nas mãos dos chineses, onde os torcedores não possuíam nenhuma possibilidade de mudar isso? Passar décadas refém de um grupo de empresários...

3 dos 5 maiores clubes do futebol europeu são associações. A questão não é a SAF ser mal montada, e sim que os investidores estrangeiros simplesmente verão elas como um instrumento pra eliminar o intermediário e eles mesmos venderem os jogadores. Para clubes menores do futebol brasileiro é um modelo que serve muito bem. Mas o Corinthians é grande demais pra virar satélite...

'Após a publicação da reportagem, a assessoria de imprensa do Botafogo informou que os termos da negociação não procedem'...