O crescimento do futebol feminino neste ano é evidente. Parte importante disso, o Corinthians foi campeão da Libertadores da modalidade, vice do Brasileiro e ainda disputa a finalíssima do Paulista. O técnico Arthur Elias, que está no projeto alvinegro desde o início, avaliou o desenvolvimento do futebol e o trabalho feito por sua equipe. O comandante ainda fez uma rápida comparação de seu time com o Flamengo e falou sobre a Seleção Brasileira Feminina.

"Apesar de não ter muito tempo para acompanhar muitos jogos do Flamengo (masculino), os que eu vi me agradaram. Eles têm uma ideia de jogo bastante ofensivo, protagonizada também por grandes atletas, acho que essas são semelhanças do trabalho. O que tem de diferente é que eu tenho uma continuidade de trabalho a longo prazo, o clube me deu essa oportunidade, estamos no quarto ano e assim fomos criando essa consistência. Esse ano investi muito no ofensivo da equipe, a sintonia delas, comunicação gestual e visual dentro do campo, para o jogo fluir melhor e ser eficiente. Além de jogar bonito, temos que saber a camisa que a gente representa e ter números eficientes para levar o Corinthians em busca dos títulos que disputa", analisou o treinador em entrevista no programa Seleção SporTV.

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Ao todo, o Timão entrou em campo 46 vezes na temporada, conquistou 42 vitórias, três empates e uma derrota. No último mês, as corinthianas superaram a Ferroviária na final da Libertadores Feminina e se sagraram bicampeãs do torneio. Diante da sequência de jogos contra o clube de Araraquara - as equipes também se enfrentaram pelo Brasileiro e Paulista -, o treinador avaliou o trabalho feito por suas meninas e a postura do time adversário.

"Nas partidas contra nós a Ferroviária optou por uma estratégia bastante defensiva. No Brasileiro, que acabamos perdendo nos pênaltis, foi o único jogo que não fizemos gol nos 46 jogos, nesse a bola não entrou. Finalizamos 32 vezes, nove chances claras. Isso é coisa do futebol, fiquei muito feliz com o desempenho da equipe. Na Libertadores, o terceiro jogo, que foi 2 a 2, tivemos duas jogadoras expulsas, foi um jogo complicado, meu time não tinha tomado vermelho até então, a arbitragem na ocasião foi infeliz, mas foi um jogo para a gente crescer. Esse momento, desde o início da competição, o que se passava no país, os protestos, a capital mudando, enfim... a gente foi até antes para se preparar melhor, mas não conseguimos colocar em prática. Esses foram os dois momentos mais difíceis, e a partir do mata-mata a equipe cresceu muito, não tomou gol, vencemos com propriedade, merecendo cada placar, e especialmente o título, que é muito importante para coroar esse trabalho do grupo inteiro, que vem tendo o apoio do clube", contou.

A boa temporada, na visão do treinador, é fruto de uma sequência de quatro anos de trabalho. E as corinthianas ainda podem faturar mais um título nesse ano. No próximo dia 16, as atletas enfrentam o São Paulo, na Arena Corinthians, às 11h, valendo o título do Campeonato Paulista - as alvinegras venceram o primeiro jogo por 1 a 0. Depois disso, o foco do treinador se vira para o planejamento de 2020.

"A gente tem algumas coisas adiantadas em termos de planejamento (para 2020). Temos a final contra o São Paulo agora dia 16, jogo na Arena, que temos a presença do torcedor, jogo gratuito. Até o momento no Paulista a gente só venceu, os 19 jogos, estamos 100%. Depois disso, a gente acaba o planejamento de 2020 que já começamos. A cada ano o Corinthians tem investido mais e é algo que outros clubes também estão seguindo. A modalidade vive um momento de crescimento e ainda tem muito mais campo para isso, o olhar da FIFA é esse, vocês viram não só na Copa do Mundo, mas por todas as emissoras que transmitiram Brasileiro, Paulista. A gente soube da audiência do SporTV, que foi muito boa. Isso mostra a força do futebol feminino, que ainda pode crescer muito, e com certeza o Corinthians vai fazer um esforço grande para continuar protagonizando dentro da modalidade", afirmou Arthur.

Treinador da Seleção?

Diante do bom momento vivido desde o início do ano, Arthur foi cotado como técnico da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo da França, mas a estrangeira Pia Sundhage foi quem ficou com a vaga. O treinador avaliou a presença da estrangeira no futebol nacional e o "intercâmbio" protagonizado por treinadores estrangeiros no Brasil e vice-versa.

"Olha, eu encaro com bastante naturalidade (Pia, estrangeira, comandar a Seleção) porque isso faz parte do contexto atual, não só do futebol mas em qualquer profissão. O futebol é cada vez mais global, os conceitos estão ai, o segredo é como você consegue colocar e fazer os atletas absorverem bem e serem eficientes dentro do jogo. Não vejo de maneira nenhuma como negativo, vejo como positivo esse intercâmbio, estrangeiros vindo para cá, brasileiros podendo mostrar seus trabalhos fora. O nome da Pia foi um acerto pela experiência, conquistas dentro da modalidade, e com certeza vai contribuir bastante. O intercâmbio é positivo", contou o treinador.

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