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Se pensarmos bem, 2018 até que foi um ano bom
Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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Se pensamos bem, 2018 até que foi um ano bom

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Se pensamos bem, 2018 até que foi um ano bom

Corinthians goleou o Rio Preto na final do Brasileiro feminino, na Fazendinha

Foto: Bruno Teixeira/Ag. Corinthians

Nestes últimos dias de ano velho é meio inevitável fazer aquela tradicional retrospectiva de tudo: da vida profissional, da vida eleitoral (incluindo as brigas por política com a família, amigos e desconhecidos), da vida amorosa e até das paixões não carnais, como a da Fiel Torcida Corinthiana pelo Coringão.

Claro que vou me enfocar só neste último quesito, já que com quem transamos, em quem votamos e que empregos perdemos ou ganhamos é problema pessoal de cada um, mas o Corinthians é problema nosso, de todos os 30 milhões de loucos do bando.

Entendo o alívio dos últimos meses, com um time que flertou perigosamente com a possibilidade de rebaixamento, levam à sensação de que a temporada foi quase um desastre, cujo saldo foi somente o alívio de terminar da forma menos ruim possível. Porém, se fizermos uma análise do ano todo, incluindo não somente o futebol masculino, veremos que 2018 foi até mais do que “nem tão ruim assim”, e eu diria até que foi um ano bom – mas paro por aí, dizer que foi ótimo já seria golpe.

Foi bom até mesmo para o futebol, e se começássemos pelo futebol feminino poderíamos dizer que foi excelente. No primeiro ano do projeto solo, já sem a parceria com o Audax de Osasco, a equipe disputou três competições e conquistou duas, sendo uma delas a mais importante: o Brasileirão feminino, que vencemos pela primeira vez. Não ganhamos o Paulista, mas ao menos chegamos na final. Resultados que não deixam dúvidas de que o Corinthians tem hoje o melhor time feminino do Brasil, e que o trabalho pode se fortalecer ainda mais nos próximos anos, talvez com mais triunfos a nível internacional.

No futebol masculino, o Coringão também foi, indiscutivelmente, um dos times mais competitivos do Brasil, mas somente enquanto o projeto seguiu na mesma toada do feminino, de manter o trabalho que estava dando certo. Ganhamos o bi do Paulistão na casa do maior rival, que até hoje não sabe lidar com essa derrota, faturamos o Grand Slam Paulista e estávamos indo muito bem no Brasileirão e na Libertadores.

A partir de maio, os fatores extra campo começaram a estragar os nossos sonhos. A saída de Fábio Carille e o desmanche de junho/julho foram despedaçando as nossas chances de título. Ainda assim, com um time remendado e com treinadores que não souberam montar um novo esquema com o que sobrou do elenco, conseguimos a proeza de chegar à final da Copa do Brasil, e se não fosse um erro da arbitragem (com árbitro de vídeo e tudo) talvez até teríamos vencido.

Depois veio a agonia das últimas rodadas, embora eu pessoalmente ache que nunca houve um risco realmente preocupante de rebaixamento. Chegamos perto da zona perigosa, mas nunca entramos nela. No fim das contas, o time soube ganhar os pontos que tinha que ganhar para se manter no meio da tabela, e até mesmo garantir uma vaguinha na Copa Sul-Americana. No fim das contas, o sabor mais amargo é o de pensar que com os jogadores e o técnico que perdemos, este ano talvez terminasse com a mesma felicidade de 2017, ou a de 2012, quem sabe.

Se saímos do gramado vamos para o salão, nos encontramos novamente com um ano magnífico, com títulos da Copa do Brasil e da Liga Paulista, e provamos novamente estamos entre as equipes mais fortes do país neste esporte.

Ainda na quadra, mas em outros esportes, o basquete masculino corinthiano conseguiu, em junho, o título da Liga Ouro após uma vitória épica na final contra o São José: no terceiro dos quatro jogos da chave decisiva, contra o São José, o Coringão precisou de quatro prorrogações para confirmar o triunfo por 122 a 115. Aquele título garantiu nosso acesso à Liga NBB, principal competição da modalidade no país. É verdade que a campanha na primeira divisão, na temporada iniciada no segundo semestre, tem sido meia-boca, natural para um clube que acaba de voltar ao basquete e ainda precisa aperfeiçoar o trabalho para alcançar o topo, mas o trabalho parece estar no caminho certo.

O mesmo acontece com o vôlei masculino, com o Corinthians- Guarulhos, montado no ano passado (que já é quase retrasado), conseguindo uma rápida ascensão à Superliga. Atualmente, o time está na mesma fase de aperfeiçoamento vivida pelo basquete, buscando um nível à altura dos rivais mais fortes, cujos trabalhos são mais longevos e consolidados.

Esportivamente, este 2018 para o Corinthians até que foi muito bom. Os grandes desastres alvinegros no ano estiveram fora dos campos. Me refiro aos bastidores, aos números negativos dos balanços financeiros, a mais frustração acumulada na busca por patrocinadores, a mais um desmanche do elenco em meio a competições que poderíamos ter vencido se isso não acontecesse, à daninha atuação dos empresários do futebol dentro do clube, às eleições onde participam cada vez menos gente, onde não há uma democracia mais ampla e representativa do sentimento da torcida, o que deveria ser fundamental num clube com a história que nós temos de defesa dos valores democráticos até mesmo quando o país vivia em pleno regime ditatorial.

Não é um mero detalhe, pois esse pandemônio dirigencial, essa falta de saúde financeira, muitas vezes é o que falta para que as modalidades que não foram tão bem possam ter os recursos que permitem dar o salto de qualidade que levam às conquistas, seja com melhor estrutura, mais contratações ou maiores condições de manter e aprimorar o trabalho que já está sendo feito.

A importância dessas retrospectivas é apontar as lições que devem ficar para o ano novo. Nossos atletas, nos diferentes esportes, fizeram o melhor possível, e conseguiram várias conquistas. A torcida esteve sempre presente, e eu não poderia terminar este texto sem lembrar do apoio que deram aos nossos times, seja em Itaquera, no Parque São Jorge (cuja pintura e remodelação necessárisa para poder abrigar os jogos dos times feminino sub-20 contou com a ajuda de um mutirão realizado pelos torcedores) ou nos ginásios Wlamir Marques e da Ponte Grande (Guarulhos). Além da loucura que foram os treinos abertos, especialmente o da véspera da final do Paulistão, uma das belas demonstrações da paixão corinthiana, deixando claro que nossa torcida não tem igual no Brasil e no mundo, e sendo fator decisivo para que o time entrasse em campo com sangue nos olhos, para conquistar um título heroico e histórico.

Está claro quais foram os erros que o Corinthians cometeu, onde foram cometidos, e que as vitórias e títulos alcançados apesar deles são um indício de que, sem eles, podemos fazer coisas ainda mais grandiosas. Bom seria se os responsáveis por corrigir o rumo do barco também fossem conscientes disso. À Fiel, cabe a missão de cobrar desses comandantes mais e melhores esforços para que, dentro de um cenário de normalidade institucional e financeira, nossos esforçados atletas e nossa incomparável torcida sigam fazendo a diferença.

Veja mais em: Corinthians feminino.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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