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O fim do chapão na prática
Roberto Piccelli

Roberto Piccelli é advogado atuante em direito público e escreve sobre temas jurídicos e institucionais relacionados ao Corinthians.

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O fim do chapão na prática

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Opinião de Roberto Piccelli

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O fim do chapão na prática

Cobrança por democracia por parte da torcida também tem que ser da porta para dentro

Foto: Wikicommons

Em meio a tantas notícias negativas, uma luz aparente. Como anunciei há um ano, o Conselho do Corinthians aprovou, enfim, uma mudança muito esperada no estatuto. Até aqui, nas eleições, o grupo que alcançasse o maior número de votos, por menor que fosse a diferença, ficava com todas as 200 vagas eletivas do Conselho. Agora haverá uma representação mais proporcional. Será o fim do famigerado sistema do “chapão”.

A novidade poderia ser mais profunda. Não serão permitidas chapas avulsas. Cada chapa terá 25 integrantes. Oito delas serão eleitas. Para um candidato ser eleito, portanto, será preciso associar-se a outras tantas pessoas e conseguir força suficiente para arrebatar um oitavo das cadeiras. Depois da eleição, o presidente, precisando obter maioria nas votações do Conselho, deverá contar com o apoio de cerca de quatro ou cinco chapas, o que, convenhamos, não é lá tao difícil.

Ainda que não seja uma alteração radical, a nova regra é importante porque fará com que o órgão colegiado do Corinthians fique mais arejado. Grupos minoritários poderão obter uma fração dos assentos e, mesmo se não conseguirem prevalecer nas deliberações, ao menos terão voz. É provável que nos próximos tempos nos acostumemos a acompanhar um pouco mais de crítica interna, tanto do tipo destrutivo quanto do tipo construtivo. Estejamos atentos para diferenciar. Seja como for, mais cobrança e mais fiscalização, para o bem ou para o mal, é uma notícia boa se o que falta é transparência da diretoria.

No mínimo, temos aí uma oportunidade para o surgimento de novos movimentos internos. Antes, um bloco sem força para ficar em primeiro nas eleições estava fadado ao fracasso. Agora, com organização, existirá a possibilidade de um grupo pequeno, com ideias e pessoas novas, conquistar espaço e reunir apoio de forma paulatina. É algo que se espera de uma entidade que se julga democrática: a chance de renovação.

Nos últimos anos, tudo o que não tivemos foi essa possibilidade. Acabamos habituados a ver pouca ou nenhuma concorrência nas disputas eleitorais do clube e uma barreira sensível a quem viesse de fora com outras visões sobre a administração do Corinthians. Podemos esperar um pouco mais de dinâmica a partir de agora.

Se o presidente conseguirá manter com facilidade o controle do Conselho, com a eleição de algumas chapas amigas, é algo que veremos na prática. No limite, será mais difícil manter o apoio em um cenário de pluralidade. Não podemos negar que estamos melhor do que estávamos. Temos uma esperança de dias melhores.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Roberto Piccelli é advogado atuante em direito público e escreve sobre temas jurídicos e institucionais relacionados ao Corinthians.

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