Qual foi a última vez que você sentou no sofá para assistir um jogo que não fosse do seu time aqui no Brasil?
Opinião de Rafael Bianco
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Você lembra qual foi a última vez que você ligou a sua televisão para assistir a um jogo de futebol aqui no Brasil sem que ele fosse para o time que você torce? Aquele momento no qual você pensa em aproveitar um espetáculo legal, um jogo disputado. Afinal o futebol é, acima de tudo, um entretenimento.
Eu não lembro. E para ser sincero, até mesmo os jogos do Corinthians me fazem refletir sobre a necessidade de parar o meu dia por duas horas para assistir àquela partida. Se eu não trabalhasse com isso, provavelmente deixaria o jogo ligado na televisão e focaria em fazer outras ações ao mesmo tempo, sem prestar atenção puramente no futebol disputado.
Comecei a refletir muito sobre isso nesta semana, depois das duas viradas espetaculares que aconteceram nas semifinais da Liga dos Campeões. Esses sim são jogos que fazem você ligar a televisão e sentar no sofá pura e simplesmente para aproveitar o confronto.
Entretanto, a maior diferença não está somente no elenco das equipes. É fato que o Brasil não consegue mais segurar os seus grandes jogadores, muito por conta da discrepância financeira entre os centros, mas os nossos palcos, os nossos estádios e até mesmo a nossa festa, não parece ser tão atraente quanto lá.
Nessa semana, o jornalista e apresentador André Rizek fez uma comparação que eu achei completamente válida. O futebol brasileiro está virando para o europeu a mesma coisa que o NBB é para a NBA. A diferença entre o espetáculo é tão grande, que você parece estar assistindo outro esporte.
As novas arenas iniciaram o caminho de revitalização, mas esse é um processo que ainda vai levar muito tempo, já que são poucos os clubes com poder financeiro para construírem um novo estádio - e quem faz isso, geralmente se endivida muito.
Outro problema, tão grande quanto, é a mentalidade dos nossos times. É muito raro encontrar um elenco que foque em dar um grande espetáculo ao invés de simplesmente ganhar o jogo. E o Corinthians é um grande exemplo disso - e tudo bem, já que os títulos seguem vindo.
Mas a longo prazo o resultado de tudo isso parece ser negativo. A cada ano, os treinadores tem menos segurança para ousarem, porque se perderem três jogos seguidos, mesmo que fazendo dois gols em cada e se abrindo, eles vão ser demitidos.
E isso não acontece lá fora. Jürgen Klopp e Mauricio Pochettino, os dois finalistas da Liga dos Campeões, estão há quatro anos nos seus clubes e nenhum deles ganhou algum título. Mesmo assim, o trabalho tem continuidade e o resultado é esse aí.
Nesta semana, ainda, foi revelado que Guardiola, indiscutivelmente um dos melhores técnicos do mundo, mostra exemplos de jogos do futebol brasileiro para mostrar aos seus jogadores o que não fazer em campo.
Enfim, a curto prazo, parece que seguiremos desta maneira, a não ser que tenhamos mudanças no calendário, distribuição de renda e até mesmo mentalidade dos dirigentes.
Mas e você, qual foi a última vez que se sentou no sofá única e exclusivamente para assistir um jogo de um time aqui no Brasil que não fosse o seu, simplesmente para aproveitar o espetáculo?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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