Torcedor 'rebate' nota do Corinthians e afirma que fiança de argentino foi paga pelo Consulado
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Por Ulisses Figueiredo, Lucas Faraldo e Marcelo Becker
Nesta quinta-feira, o corinthiano Felipe Cruz, torcedor que prestou queixa formal contra o argentino Leonardo Pozzo por injúria racial no jogo entre Corinthians e Boca Juniors, rebateu a nota oficial publicada pelo clube alvinegro. O jovem participou do RMT, programa do Meu Timão no Youtube, e disse que os fatos não aconteceram conforme descrito no comunicado - confira o depoimento no vídeo acima.
Na nota oficial, o Corinthians declarou que enviou um advogado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal), mas que no momento do início da apuração dos fatos os torcedores que prestaram a queixa estavam à beira do campo. Além disso, o clube alvinegro falou que ofereceu amparo ao torcedor durante todo procedimento. Felipe Cruz negou as afirmações.
“O Corinthians me procurou, aquela nota que eles postaram parece que o cara leu para mim. Falou que não, que estava me acompanhando... Cara, não vou falar que ele é mentiroso, jamais. Só que eu não vi esse advogado, eu acho que ele é o ‘Gasparzinho’, devia estar embaixo da viatura. Quando eu saí para ir ver o segundo gol ele levantou, aí quando eu voltei, ele voltou para debaixo da viatura, porque não tem explicação”, disse o torcedor, ironizando a declaração do Corinthians sobre a presença do advogado.
Segundo Felipe Cruz, em nenhum momento o Corinthians entrou em contato para qualquer tipo de auxílio durante o procedimento. O torcedor criticou a postura adotada pela diretoria do clube do Parque São Jorge, que alegou ter participado ativamente durante todo o procedimento.
“Eu não vou falar com o Corinthians, porque o Corinthians é o grande amor da minha vida. A gente não tem o que falar, essa diretoria, pelo amor de deus. Não é que eu queria que o presidente descesse, mas eu queria algum respaldo. Não queria que o Corinthians me desse uma advogado, mas quando a gente fala, a gente fala amparado por alguma coisa, o advogado já estava lá, era o mínimo ele ir lá e perguntar 'Você tá bem? O que aconteceu? A gente tá aqui caso precise de alguma coisa', era só isso. Em nenhum momento eles fizeram isso. Aí o rapaz do Corinthians que me ligou falou que tava acompanhando tudo, aham, estava sim”, disse o corinthiano.
O torcedor também foi incisivo e afirmou que o Consulado da Argentina pagou a fiança de Leonardo Pozzo. De acordo com Felipe Cruz, um funcionário chegou a sair para sacar o dinheiro que faltava para liberar o detido por injúria racial.
“A gente chegou e o Consulado estava fazendo barraco pra ele ir embora, e só não foi liberado porque eles não pagaram à vista. Foram eles que pagaram sim, tanto que um deles saiu para sacar o restante do dinheiro. Eu presenciei, quem tava lá presenciou. Foram coniventes”, afirmou ele.
Por fim, Felipe Cruz falou sobre o ocorrido, declarou que não se arrepende de ter perdido o jogo, mesmo tendo pago ingresso, e frisou ter sido procurado pelo Corinthians para uma "recompensa", mas admitiu não querer nada em troca pela atitude tomada.
"Como todo torcedor do Corinthians, o Boca estava engasgado, e foi o grande jogo da minha vida. Mas pensa comigo, racismo é todo dia e já deixo claro: não quero nada do Corinthians. O Corinthians ligou para mim, veio com aquele papinho, quis me dar ingresso e eu já neguei. Não quero nada, não quero ingresso, não quero que me mande camisa, eu fiz isso porque é um ato que é meu", finalizou o corinthiano.