Análise: Corinthians colhe frutos (e ônus) de ter mais a bola e jogar mais para frente
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Por Tomás Rosolino
O Corinthians apresentou um futebol mais ofensivo, ficou mais com a bola e estabeleceu uma linha defensiva com três atletas, quase no campo de ataque na vitória por 3 a 2 diante do Fortaleza. Diferente do que costumou mostrar no ano, o Timão teve o ônus e o bônus de propor mais as jogadas e expor a sua defesa. O saldo, porém, acabou positivo.
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Não demorou muito para o Corinthians de Coelho, com apenas um treino juntando todos os titulares, mostrar algumas mudanças. Na expectativa de pressionar o rival e ficar mais com a bola, o Timão usou algumas características do seu elenco para apresentar uma linha de três na defesa, algo quase impensável na época de Fábio Carille.
Adepto da linha de quatro defensiva, talvez o ponto mais marcante da sua visão de futebol, Carille sempre fazia com que ela estivesse montada para evitar contra-ataque dos adversários. Diante do Fortaleza, porém, Coelho aproveitou Danilo Avelar como um zagueiro pela esquerda e "espetou" Michel Macedo no lado direito, deixando Gil no centro e Manoel pela direita.
A escolha de Avelar para fechar o lado fez com que Janderson, jogador que gosta do 1 contra 1, fosse utilizado pela esquerda. Na direita, o corredor ficou aberto para o apoio de Michel, enquanto Pedrinho e Vital, dois meias, tinham liberdade para circular e tentar criar espaço na defesa do Fortaleza.
Com pouquíssimo treino e uma mudança relevante em relação ao último trabalho, o Timão teve problemas de execução e coordenação dos movimentos. Com as jogadas normalmente terminando em cruzamentos ou chutes de fora da área, penou para fazer Felipe Alves trabalhar.
Enquanto isso, viu uma boa jogada construída pelo rival lhe mostrar o ônus de estar mais exposto. Manoel chegou atrasado no pivô, Kieza abriu para a esquerda e Júnior Urso perdeu a marcação de Bruno Melo. O lateral chegou ao fundo e achou Romarinho na área para abrir o placar.
Para sorte dos donos da casa, algo que parecia estar passando longe do Parque São Jorge nos últimos tempos, uma jogada de vontade logo deixou tudo igual. Avelar passou apenas pela segunda vez da intermediária ofensiva, Pedrinho, em mais um chute tentado, acabou pegando mal e viu Boselli ter frieza para empatar. Nada muito organizado, mas pautado no ímpeto de atacar.
A volta para a etapa final demonstrou o melhor e o pior que o Corinthians pode ter na transição de estilos. Com dois minutos, pressionou a saída rival, roubou a bola com Gabriel e viu o trio Pedrinho, Janderson e Urso, elemento surpresa, construírem um belo gol. Os 20 minutos seguintes, porém, foram complicados.
O Fortaleza foi para a pressão e, lotando a área corinthiana, conseguiu frutos. Primeiro Osvaldo perdeu chance clara, depois Kieza, em lance confuso, deixou tudo igual, O empate e um aparente cansaço fizeram com que o Timão se retraísse, perdesse tempo de posse e fosse dominado.
Até que Coelho apostou em Clayson na vaga de Mateus Vital, para ver se consegui empurrar o adversário para trás. E, logo em sua primeira jogada, Clayson deu resultado. No mano a mano, passou pelo marcador e cruzou para Boselli, mesmo rodeado pelos zagueiros, cabecear no ângulo de Felipe Alves.
Em vantagem, o Timão conseguiu ao menos travar o ímpeto do adversário, sofrendo apenas nas bolas alçadas na área. De diferente, porém, mostrou uma marcação pressão até nos acréscimos, forçando bolas estouradas pela defesa adversária. E uma vitória, depois de oito jogos sem ganhar.