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Pequenas lições para um ministro ignorante
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Pequenas lições para um ministro ignorante

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Pequenas lições para um ministro ignorante

Guedes: dificuldade com dados e números

Foto: Arte

Lembro-me do Brasileirão de 2018, em que o Corinthians foi duramente prejudicado pelos apitadores. Já no fim de outubro, o site oficial da CBF mostrava que naquele campeonato o Corinthians era o time que mais sofria com erros de arbitragem.

Acompanho com atenção o futebol desde 1971 e inúmeras vezes vi nossa agremiação sofrer injustiças. Em 1974, por exemplo, há falta clara de Luís Pereira em Rivellino, no início do lance que resulta no gol palestrino de Ronaldo.

Dez anos depois, da arquibancada do Morumbi, testemunhei pênalti claríssimo em Zenon, no jogo que impediu o tricampeonato da Democracia Corinthiana.

Em 1993, José Aparecido de Oliveira roubou descaradamente o alvinegro para tirar o Palmeiras da fila. E todo mundo se lembra do delinquente Carlos Amarilla, em 2013, que nos colocou obstáculo no caminho para o bi da Libertadores.

Já houve erros a nosso favor? Evidente que sim, pois o equívoco é da natureza do futebol, um esporte de interpretações humanas. No entanto, meu computador da memória aponta um saldo negativo do Timão na relação com os árbitros.

E cabe aquela pergunta: se o Corinthians realmente tivesse mesmo um "apito amigo", como propagandeia o irresponsável Milton Neves, teria permanecido mais de 22 anos na fila?

Quando o ministro atribuiu nossos títulos recentes a pênaltis roubados, me veio à mente um retrospecto distinto, que foi confirmado pelo colega Diego Salgado. Nos últimos quatro brasileirões, considerados os 12 clubes que participaram de todos eles, o Corinthians é a equipe que menos teve pênaltis a favor. Foram 16. O Galo mineiro foi o que teve mais: 27.

E mais: entre 2015 e 2018, quando arrebatamos duas taças nacionais, 28 times disputaram o Brasileiro. Na média, o Corinthians só teve menos pênaltis a favor do que dois deles, Joinville e Paraná, que participaram de apenas uma edição no período.

Agora, vamos ao Paulistão de 2019. Quantas vezes os apitadores marcaram pênaltis a favor do Corinthians? Nenhuma. O Palmeiras viu a bola na marca de cal três vezes em seu benefício.

Presto essas informações a um ministro da Economia que se mostra ignorante sobre futebol e talvez sobre Matemática, ciência que deveria conhecer em razão de seu ofício.

Paulo Guedes, que pouco se importa com o decoro do cargo, utilizou uma palestra na Fundação Getúlio Vargas, na sexta-feira, para tentar criminalizar o Corinthians.

É estarrecedora também sua ignorância sobre o Direito, especialmente no que tange a contratos entre agentes públicos e privados, e regimes de financiamento.

A Arena Corinthians custou caro? Sim, sem dúvida. A engenharia financeira definida foi a melhor possível? Provavelmente, não.

No entanto, é certo que o Corinthians está pagando a conta. Quando digo o Corinthians, me refiro a você, eu, nós, todos aqueles que são sócios patrimoniais, compram ingressos, adquirem produtos licenciados ou simplesmente assistem aos jogos na TV, seja por pay-per-view, seja por canais abertos patrocinados.

Não saiu de graça. Não sairá. Tenha certeza.

Ao mesmo tempo, os grandes veículos de comunicação brasileiros estampam há tempos notícias sobre supostas irregularidades nas quais o mesmo ministro está envolvido. Citam os casos dos fundos de pensão, o episódio da corretora de investimentos, entre outros.

Que, da próxima vez, em palestra para os players do mercado, Guedes aproveite seu tempo para dirimir dúvidas e provar sua inocência. Afinal, essas acusações devem mesmo ser resultado de ledos e temporários enganos do valoroso aparato da Justiça.

Também seria formidável se em suas palestras o ministro pudesse explicar o porquê da anunciada supressão dos nossos direitos previdenciários. Como jornalista, eu perguntaria se o problema do rombo fiscal não poderia ser solucionado com um aumento de 6% para 9% na alíquota de imposto dos super ricos.

Enfim, mas aí, novamente, ingressaríamos no campo da Matemática. E a teoria dos números vale tanto para o futebol quanto para a economia.

Veja mais em: Arena Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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